Memórias


Não deu nem meia-noite ainda e eu já sei que essa noite vai ser longa... Hoje é mais um dia daqueles em que tudo vem à tona. Aquele dia em que as memórias voltam e pegam você de jeito, dando aquela dorzinha do lado esquerdo do peito, vulgo coração.

Mil memórias, mil lembranças. De pessoas que vieram e não estão mais aqui. Algumas morreram. Outras não morreram fisicamente, mas morreram para mim. Seguiram seus caminhos, enfim... não fazem mais parte da minha vida.

Os anos vão passando, a vida vai mudando, ciclos vão começando e se encerrando, de uma forma tão poética que nem a melhor poesia não saberia decifrar. Essa é a vida. Vão-se os anéis, ficam-se os dedos. Vão-se as pessoas, vão-se os momentos; ficam as memórias! Algumas boas, outras ruins, mas ainda assim... memórias.

Nem sempre elas vêm, mas quando vêm... ah quando vêm, prepare-se! Você vai se lembrar de coisas que não lembrava há anos. Momentos. Pessoas. Aquele primeiro beijo, o primeiro amor, aniversários, brigas, presentes, viagens, passeios em família, momentos de solidão e de solitude. Tudo absolutamente necessário.

Em seguida, vêm os ressentimentos. Por que não fiz isso? Por que não fiz aquilo? Por que nunca disse que a amava? Por que não tentei mais? Por que não ajudei aquela pessoa naquela ocasião? Será que eu não tinha um minuto sequer sobrando? Ressentimentos. Para mim, a pior parte das memórias. A gente se lembra de coisas que com toda certeza mudaríamos se pudéssemos voltar no tempo. Uma mudança que poderia mudar nossas vidas, fazer com que tomássemos um rumo totalmente diferente. Mas não podemos mudar o passado. E essa é a parte que mais dói. O que passou, passou, e dificilmente poderemos corrigir nossos erros. Fizemos burradas, perdemos pessoas, perdemos momentos que nunca mais voltarão para as nossas vidas, salvo uma ou outra exceção vinda de uma ironia ou brincadeira do destino.

Mas precisamos seguir. E para não ficar apenas chorando o leite derramado, nossas memórias seguem também um outro rumo: o das coisas boas que já vivemos. Aqueles bons momentos de sorrisos, abraços, beijos, mãos dadas, reencontros, empregos novos, começar uma faculdade, realizações de sonhos. É, a gente tem muita memória triste, mas também tem as felizes, afinal, nossa vida é feita de momentos bons e ruins. E cada momento serviu para um propósito maior.

Nossa memória é um dos nossos maiores bens. Às vezes ela judia da gente? Ah, e como! Lembrar momentos ruins não é nada bom. Quem é que fica feliz em relembrar a perda de alguém querido? Mas do lado positivo, as memórias nos fazem sorrir sozinhos, absolutamente em qualquer lugar. Você pode estar numa fila, no metrô, na rua, em um encontro ou em casa. Memórias são ativadas por qualquer fator externo: uma música, uma foto, uma pessoa que parece outra, um esbarrão na rua, o tom de voz de alguém... Enfim, pare para pensar e me diga: isso não é realmente fantástico?

Uma coisa é mais do que certa: memórias são fascinantes!


*Para você que leu até o final, aqui vai um bônus: já que você está no clima, ouça essa música e veja a sua letra. Ela foi a inspiração para essa crônica* =)



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