Mantendo o equilíbrio

             

            Hoje é segunda. A primeira das férias da faculdade após um quinto semestre que foi quase que literalmente de explodir cabeças. Significa que pela primeira vez em muito tempo terei as noites livres para descansar um pouco a mente. E, cara, como eu precisava disso!

            E cá estava eu, vendo clipes de músicas no YouTube, aproveitando meu tempo livre. Depois de algumas, começa “Essas Horas”, do Gabriel Elias com o Vitin, vocalista da banda Onze:20, e eu me permito viajar, cantando bem alto e nem ligando para a minha mãe que está no quarto ao lado. Eu adoro essa música, ela é bem romântica e praiana. Enquanto eu cantava, ideias vinham na minha mente para escrever. Há meses eu não escrevo, porque para mim a escrita não é apenas escrita, ela vem do meu estado de espírito; eu preciso estar na vibe, no clima. E eu não estou no clima de escrever algo sobre o amor, e nem estive no clima para escrever absolutamente nada nos últimos tempos.

            Então vem a próxima música: “Somos Instantes”, também do Gabriel Elias, em parceria agora com o Vitor Kley. Não sei o que será de nós amanhã / somos instantes feitos de agora / conservo os sentimentos bons aqui dentro / e o que não for eu deixo lá fora. Repetindo o que fiz anteriormente, começo a cantar alto e viajo na melodia e na letra. E mais ideias me vêm à mente. Eu realmente precisava escrever algo. Hoje. Agora.

            Seja o que Deus quiser / eu vou seguir com fé / a minha paz nenhum dinheiro vai comprar / e nessa vida uma coisa eu aprendi / não leve tudo tão a sério / nada se leva daqui / preservo a gratidão no meu coração / e isso ninguém pode desmatar / somos dilema, sou meu inimigo, meu herói / às vezes a gente se alimenta / às vezes a gente se corrói.

            Fica até difícil escrever algo à altura de palavras tão profundas. Sabe, essa música desperta sentimentos, inquietações, sonhos, metas toda vez que eu a escuto. Se eu a tivesse escrito, com certeza ela teria o mesmo sentido. Eu troquei a oportunidade de ganhar dinheiro na cidade grande (leia-se São Paulo) pela paz da vida no interior do Ceará. Uma mudança e tanto, eu sei. Nada que sete anos não façam, enfim, eu estar adaptado. Também procuro não levar as coisas tão a sério. Minha tia diz que eu não tenho sentimentos... mas é o meu jeito, claro que não desde sempre, mas essa é a pessoa que me tornei, fruto de todas as experiências nas diversas áreas da vida.

            Agora, quando Gabriel Elias canta que às vezes a gente se alimenta, às vezes a gente se corrói... isso é muito pesado. Principalmente quando a gente se corrói sem perceber (que é o que geralmente acontece). Que os meus pensamentos mantenham-se atentos ao equilíbrio. Eis o ponto-chave! Equilíbrio. Que, por sinal, é tão difícil de encontrar...

            Tenho trabalhado na busca por esse equilíbrio, principalmente nos últimos anos. O trabalho não é mais importante que a minha saúde, o dinheiro não vale mais que a minha sanidade, a solidão é necessária para curar feridas que ainda estão em aberto. Mas é óbvio que isso não é uma receita de bolo. Mesmo tentando manter esse equilíbrio, coisas acontecem, como o acúmulo de tarefas nas duas últimas semanas do semestre letivo da faculdade que me fizeram literalmente perder o sono e perceber que eu estava literalmente no meu limite. Eu sabia, mas eu não conseguia manter o equilíbrio. Aí está a prova de que querer não é poder. Mas tentar, ter ciência da situação já é algo muito positivo, porque você sabe onde ir para resolver o problema quando você puder.

            Essas últimas semanas me acenderam um alerta que não era acionado há anos. E isso me fez refletir de que o cuidado com nós mesmos, com nossa mente, tem que ser constante. Apesar de sermos instantes, como diria a música, depois do instante, virá outro e depois outros, e temos que estar atentos ao equilíbrio. Cuidem-se nesse período nada fácil que estamos passando, desconectem-se um pouco das redes sociais, reflitam, respirem fundo. Desacelerem. É muito importante.