Relato de um coração destruído na pandemia

Quem diria, né? Pleno 2020, e a gente isolado em casa. E sabe de uma coisa? Aquele ditado que diz “oficina vazia é oficina do diabo” é bem real, e estou descobrindo isso na pele. Quando tudo estava normal, eu aprontei, e te decepcionei; parti seu coração e nem liguei para os seus sentimentos. No mais chulo dos meus orgulhos, pensei: vou conhecer outras garotas, e rapidinho a Amanda vai ser passado. Errei. Errei feio.

Curti o carnaval, provando várias bocas, e para falar a verdade, nem ao menos pensei em você. O calor do momento, né? Mas o carnaval passou, as aventuras acabaram, a pandemia chegou e começou esse maldito isolamento social.

Uma semana, duas, um mês... Lá se vão mais de dois meses preso em casa, sem conhecer ninguém e com você na minha cabeça durante as quase 20 horas que eu fico acordado durante o meu dia. Quando a gente fica ocioso, temos tempo de pensar nas merdas que fazemos. E que merda foi aquela que eu fiz? Troquei você, 10/10, que estava sempre ao meu lado, por uma diversão de cinco dias. Eu sou um burro!

Amanda, me perdoe. Se é que eu tenho direito de te pedir alguma coisa, eu gostaria que você guardasse nas lembranças as coisas boas que fizemos e os momentos felizes que tivemos juntos antes de eu estragar tudo.

Hoje o dia está nublado. Já choveu. E essa chuva é como um reflexo do meu estado de espírito, uma cópia dos meus olhos, cujas lágrimas não param de rolar. O arrependimento desce amargo, como um gole da pior e mais forte bebida do universo. Está doendo, cara! Talvez hoje você nem ao menos pense mais em mim, mas saiba que eu não paro de pensar em você. Talvez demore um pouco para eu te esquecer e me perdoar pelo que fiz. Talvez. Talvez. Talvez...

E dentre tantos “talvezes”, se tem uma coisa certa, é que você merece ser feliz com um cara decente, um cara que te dê o devido valor pela pessoa incrível que você é. Parece clichê, mas não é. Você é tudo isso, sim. E eu sou um lixo de ser humano. Eu não te mereço! A propósito, o que eu mereço é exatamente isso: ficar na fossa.

Se algum dia isso terminar, eu prometo que eu vou tentar mudar e ser um homem melhor. Mas não hoje, não amanhã, não nos próximos dias. Por enquanto, fico aqui sofrendo por alguém que nunca mais vai voltar. Eu mereço pagar essa penitência...