Uma história meio que engraçada (Ned Vizzini) – Crítica
It’s kind of a funny story,
traduzido no Brasil como Uma
história meio que engraçada, é
um livro de Ned Vizzini, e conta a história de Craig Gilner, um
garoto de 15 anos que vê sua vida virar de cabeça para baixo após
conseguir o feito (depois de muito estudo e sacrifício) de entrar na
escola dos seus sonhos, a Executive Pre-Profissional High School.
Sem
conseguir lidar com toda a pressão da nova escola e as demais coisas
do cotidiano de um adolescente, como as amizades, paixões e a
pressão (mesmo que velada, no caso dele) dos pais, Craig entrou em
uma forte depressão. E um certo dia resolveu que iria cometer
suicídio. Sem conseguir, ele ligou para a Linha de Prevenção ao
Suicídio, onde a atendente o incentivou a ir a um hospital, no qual
ele ficou internado por cinco dias na ala psiquiátrica para adultos,
devido à ala das crianças e adolescentes estar em reforma.
Uma
história meio que engraçada não
é um livro qualquer. É um livro baseado em fatos reais. Só
descobri isso ao final do livro, onde, após o fim da história, tem
uma página dizendo que o autor ficou internado por cinco dias em um
hospital de 29 de novembro a 3 de dezembro de 2004. Ou seja, Ned usou
de sua própria experiência para escrever um livro que entrou na
lista dos 100 melhores romances adolescentes da história.
O
título vem bem a calhar, porque mesmo sendo um livro que fala sobre
temas pesados como depressão e suicídio, o autor consegue dar um ar
cômico para algumas situações. A linguagem jovem na qual o livro
foi escrito certamente também ajudou no sucesso estrondoso dele, que
serviu de base para o filme adaptado Se
Enlouquecer, Não se Apaixone.
Ned
criou personagens com várias particularidades, e se aprofundou em
muitos deles ao longo das 293 páginas do livro. Por exemplo,
Muqtada, colega de quarto de Craig em seu período de internação,
está em um nível de depressão tão forte que ele não sai da cama,
e isso vai sendo trabalhado ao decorrer do livro, mesmo ele sendo um
personagem secundário. A mesma premissa vale para a maioria dos
demais “amigos” que Craig faz no hospital.
Claro
que em um romance adolescente não faltaria (obviamente) romance. Nia
é a paixão platônica de Craig desde o início da história. Mas
tem um detalhe: ela é namorada do seu melhor amigo, Aaron. Mas na
ala psiquiátrica o garoto conhece uma garota, Noelle, que vai
contribuir muito para a sua mudança de vida ao sair de lá, já que
ela dá uma nova perspectiva para ele.
Este
não é um livro qualquer. Este é um livro que realmente mexeu
comigo, e mexe com qualquer pessoa que o lê, por toda a profundidade
que Ned Vizzini cria para o leitor. Sem nem percebermos, estamos
mergulhados na história e sentindo a dor de Craig e seus medos mais
profundos e sombrios, assim como dos demais companheiros de
internação. Também sentimos a dor dos pais que têm que lidar com
filhos que têm depressão ou qualquer outro distúrbio mental que
seja. Uma história meio que
engraçada é um drama daqueles
que, mesmo após vários anos, certamente o leitor ainda lembrará de
Craig e sua luta. Confesso que foi uma leitura que mexeu muito
comigo. E confesso também que fiquei muito triste por uma coisa:
pesquisando sobre o livro, descobri que o autor, Ned Vizzini, que foi
forte naquele 29 de novembro de 2004, cometeu suicídio pouco mais de
nove anos depois, ao pular do telhado da casa dos pais em 19 de
dezembro de 2013. O mesmo Ned que havia vencido a depressão, desta
vez havia sido derrotado por ela. Ele se foi, mas deixou um legado.
Deixou um livro que certamente será lido e servirá de inspiração
para que outros jovens como Craig Gilner encontrem forças para
seguirem suas vidas, acreditando numa luz no fim do túnel,
acreditando no amor, na amizade, e na família.
Comentários
Postar um comentário
Fala aí...