Ser criança ontem e hoje

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“Era uma vez o dia em que todo dia era bom...”

            Bem-vindo de volta à infância! Afinal, qual dia era ruim na nossa época de criança? Fala sério! Nossa única preocupação era ir para a escola e contar as horas para a aula mais legal da semana: educação física. Meninas jogavam vôlei, meninos iam para o futsal. Esse era o natural. Claro, havia suas exceções, mas era assim na maioria das vezes. Dois tênis viravam um gol, uma corda de varal virava uma rede de vôlei. Depois da aula, #partiu casa, tomar um banho – ou não, né? –, comer alguma coisa e ir para a rua, para o campo ou para a casa de algum(a) coleguinha. Ah, fala aí se não bate uma saudade? Mas um sábio me disse algo uma vez e ele tinha toda a razão: nunca estamos felizes com o que temos e, mesmo com todas as mordomias, fazemos como na música:
            “É que a gente quer crescer...”
            Claro que queremos crescer! Afinal, é um saco ficar em casa sem fazer nada e ter que aguentar os pais mandando a gente fazer a lição de casa. Bom mesmo é você ter que acordar cedo todo dia para trabalhar – às vezes no sentido literal da expressão, já que algumas pessoas trabalham de domingo a domingo sem direito a uma folga –, pegar transporte público lotado ou passar horas no trânsito dentro de um carro ou tomar banho de chuva numa moto, aguentar um chefe “pé no saco” (não são todos; alguns são muito bons, por sinal), passar o dia todo fora de casa – alguns vão para a faculdade direto do trabalho –, chegar cansado, ter várias coisas para resolver e receber um salário que não é digno de todo o seu esforço e que, em muitas ocasiões, não é o suficiente para pagar as contas do mês. Pensando bem, segue a música...
            “... e quando cresce quer voltar do início...”
            Claro que queremos voltar do início. E além de nós querermos, agora, mais do que nunca, desejamos que as crianças de hoje em dia tenham infância como nós tivemos.
            “... por que um joelho ralado dói bem menos que um coração partido”.
            Sim! Quem nunca estourou um joelho ao cair jogando bola, andando de bicicleta ou brincando de pega-pega? E o dedão do pé? Quem aí nunca arrancou um pedaço, viu jorrar um bocado de sangue, a mãe colocou aquele Mertiolate raiz (aquele que ardia pra caramba, não o de hoje em dia) e segue o jogo? E quantos dentes de leite foram quebrados fazendo traquinagem? Cara, aquilo era infância! Não havia maldade em nada e tudo o que queríamos era nos divertir. Hoje não existe mais infância. Me desculpem, mas essa é a verdade. Hoje a criança está lá berrando? Dá o celular para ela, dá o notebook para ela. Simples assim. Crianças de um, dois anos já fazem coisas sozinhos no celular. Bebezinhos deslizam o dedo na tela e passam fotos. Os mais “grandinhos” até os dez anos são hipnotizados por jogos e vídeos no YouTube falando desses jogos – Minecraft, por exemplo, que é um negócio dez mil vezes mais chato que a grande saga do Mário para salvar a princesa e que, por sinal, aquilo sim era um jogo legal! – e dos dez para a frente é a época da paquera. 12, 13, 14... Vida sexual começando cada vez mais cedo e lá se vai a infância!
            Há algumas gerações, com essa idade os meninos brincavam de carrinho e as meninas de boneca, sem maldade nenhuma na mente ou no olhar. Sem querer, deixavam para sentir as dores de um coração partido bem lá na frente, ao contrário do que acontece hoje em que, em casos mais extremos, veem-se suicídios de crianças (sim, essa é a palavra certa) de 14, 15 anos.

            Temos de deixar nossos pequenos serem crianças o máximo de tempo possível. Essa, sem dúvida, é a melhor fase da vida. É a fase da liberdade. Então liberte seu irmão, filho, sobrinho, primo – ou seja lá qual for o grau de parentesco – dessa maldita internet, dessa maldita tecnologia que está acabando (novamente vou usar esses termos para entenderem melhor) com a infância raiz e criando uma infância nutella. Brinquem aquelas clássicas brincadeiras com as crianças, deixem elas descalças e brincando na terra, deixem elas caírem e não saiam correndo para pegá-las; elas se levantarão, voltarão a brincar e seguirão em frente. Façam com que elas aproveitem ao máximo. E vocês também aproveitem com elas. Brinquem, se sujem, sorriam. Não deixe morrer a criança que há dentro de você, pois não há nenhuma vergonha em ser um crianção depois de adulto. Muito melhor do que ser aquela pessoa ranzinza e reclamona que ninguém gosta de estar do lado...

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