Tudo é Possível

 
Rodrigo era um bom rapaz. Trabalhador, honesto, não bebia demais, não fumava e nem costumava sair. Ele trabalhava em uma empresa de eventos como promotor e era feliz, quer dizer, fingia ser, pois na verdade, ele não era. Faltava alguma coisa.

O trabalho dele estava um pouco corrido e as ocupações eram tantas que ele começou a não dar conta do serviço. Vendo o que estava acontecendo, seu chefe contratou mais uma pessoa: Juliana, uma morena muito linda, alta, estudante da área... Enfim, essa era a nova contratada da empresa.

A relação entre eles era extremamente profissional, até quando os dois passaram a ir e voltar no mesmo fretado. O dia em que eles começaram a criar uma amizade foi quando o ônibus estava cheio e o único lugar para Rodrigo, foi ao lado de Juliana. Aquele dia foi legal; os dois conversaram de assuntos extra-trabalho coisa que nunca havia acontecido.

Daquele dia em diante, os dois sempre estavam juntos e nunca faltava assunto. Quem gostava do entrosamento entre os dois, era o patrão: “Os dois unidos, é sinal de dinheiro a mais na minha conta”.

Com o tempo, Rodrigo começou a gostar de Juliana (já era de se esperar) e ela também dava sinais disso, às vezes. Porém, algumas vezes, ela ficava muito estranha com ele. Não dava para entender!

Ele aproveitou os dias em que ela estava tranqüila e a chamou para sair. Ela aceitou. Marcaram para o próximo sábado e aguardaram o dia chegar. Para Rodrigo, o tempo parecia não passar. Coisas de apaixonado, sabe como é, “né”?.

Enfim, chegou o dia. E se Rodrigo soubesse que ia ser tão bom, havia feito isso anteriormente. Foram no cinema e tomaram um drinque. Além disso, conversaram e riram bastante. Foi muito legal.

Por algum motivo, os dois estavam “casados” pela galera do fretado. Eles ouviram cochichos e risadinhas do pessoal. Nem ligaram para isso e um certo dia, Juliana mandou uma indireta:

---Rodrigo, já teve a impressão que todo mundo pára “pra” ouvir sua conversa?

Os dias passaram e Juliana já não estava, ou parecia não estar, tão interessada em Rodrigo. E ele percebeu isso, infelizmente, e ficou muito triste. Chamava sempre ela para saírem, mas sempre recebia uma desculpa e acabava “melando”.

Em um daqueles dias em que ela estava de bem, ele tentou novamente e, para sua surpresa, ela aceitou. Dessa vez, foram jantar em um restaurante bem bacana que tinha na cidade.

E papo vai, papo vem, Rodrigo puxou um assunto que iria render: namoro. Os dois abriram o jogo e, no final, quem se deu mal: ele ou ela?

---Juliana, acho que hoje é o último dia que a gente tem de uma relação amigável.

---Porquê, Rodrigo?

---Simplesmente porque eu não vou mais ficar fingindo ser seu amigo, quando na verdade, gostaria de ser mais do que isso.

Ela sentiu verdade nos olhos dele:

---Ah Rodrigo, não é assim.

---Como que não é assim?

---Você é um cara legal, do bem e que não merece sofrer por mim.

---Como não? Eu já sofro! Quantas vezes eu já mandei indiretas para você? Algumas que até te deixaram brava comigo.

---É verdade, várias.

---Pois é. Já faz seis meses que a gente se conhece e eu sofrendo calado desde quando nós começamos a se falar. Chega uma hora que a pessoa cansa de sofrer e tem que “jogar tudo para fora”, como estou fazendo agora.

---Poxa, não sabia que seus sentimentos por mim eram tão elevados.

---É sim.

Ela ficou calada.

---Por favor, Juliana: me dá uma chance, só uma!

---Desculpa, mas eu já te dei várias e você não soube aproveitá-las.

Foi a vez dele ficar calado.

---Sabe, eu gosto de você pra caramba, mas o problema é que você é muito brincalhão, e isso dá a impressão de irresponsabilidade.

---Mas...

Desistiu de falar o resto.

---Você reconhece?

---Sim.

---Foi por isso que você me perdeu. Sinto muito, mas entre nós não vai acontecer nada.

Ela levantou-se da mesa, parou em frente a ele, segurou suas mãos e disse:

---Você é a pessoa mais legal que eu já conheci. Eu te adoro!

Deu um beijo nele e partiu. Ele ficou sem reações e disse apenas um “tchau”.

Pelo contexto da história, tem-se uma impressão de como ele ficou mal. Mais tarde, por volta de duas horas da manhã, chegou uma mensagem em seu celular:

Muito obrigado pelos momentos que passamos juntos, mas tenho que partir. Estou indo para o exterior e acho que não volto mais. Agora você entende porque eu disse aquilo no restaurante? Saiba que você terá sempre um lugarzinho reservado no meu coração. Beijos, te gosto demais. Ju”.

Ele respondeu a mensagem apenas com:

Eu te amo, vai com Deus. Estarei aqui se você voltar”.

Daquele dia em diante, ele se fechou em seu mundo e cresceu profissionalmente. Mas era infeliz no amor, até que, ao ir à porta ver quem tinha apertado a campainha, se deparou com Juliana. Ela estava mais linda do que nunca e disse logo quando ele abriu a porta:

---Me perdoa?

---Claro! Respondeu ele com um sorriso largo.

Os dois se abraçaram demoradamente, limparam juntos suas lágrimas e recomeçava ali um grande amor do passado.













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