"Sainha" Vermelha
Apresento-lhes
Adriana: estudante do ultimo semestre de Letras e professora
estagiária de Português. Planejando uma de suas aulas para uma sala
de 3º ano do Ensino Médio, lembrou-se por algum motivo das aulas
(na verdade, de uma aula específica) de Literatura Infanto-Juvenil.
Lá no segundo semestre, a professora deu uma aula sobre as várias
versões que temos dos contos de fada e pegou a “Chapeuzinho
Vermelho” como exemplo. Foi comprovado, através dos livros levados
pelos alunos, que há muitas (muitas!) versões da história.
Incentivada por essa aula, ela elaborou uma atividade: escrever uma
história que estivesse relacionada de algum jeito com “Chapeuzinho
Vermelho”. O resultado foi proveitoso: ela gostou de todas as
histórias, mas uma especial lhe chamou a atenção. Falava de
atualidade, a Chapeuzinho Vermelho do século XXI que foi chamada
pelo autor de “Sainha Vermelha”. Dizia assim:
“Havia
uma menina muito gatinha chamada Rafaela. Ela tinha dezesseis anos,
era funkeira de plantão e estava no 1º ano de Ensino Médio. Era
uma garota que gostava muito de vermelho e que sempre saía na rua
mostrando “seus pernão” (como diriam os rapazes de português
bem dito). Mas cá pra nois, eram umas pernas que... bom, vamos
adiante.
Sua
mãe sempre lhe avisava para ter cuidado com essas festas que ela ia.
Bailes funk, heavens, enfim, sabia que o caminho que a filha estava
seguindo não era dos melhores.
Com
quinze anos, já tinha vivido algumas aventuras como sexo, drogas e
bebidas. Sem contar no aborto clandestino que ela fez. Mas acho que
ela fazia por onde, não é? Acho que sair na rua com o vestido
estilo Geisy Arruda mostrando a calcinha era meio, digamos,
chamativo. E ela... ela gostava. Em uma das centenas de bailes funk
que ela já havia ido com essa idade, alguns homens a pegaram e, não
contra a vontade dela, subiram seu vestido até acima da calcinha.
Nossa, os caras deliravam, enquanto ela colocava o dedo indicador
pensa aonde... Essa é apenas uma de suas experiências. E com isso
tudo, esqueci de dizer que, por andar sempre de vermelho, e quase
sempre de saia muito curta (vermelha), deram a ela o apelido de
“Sainha Vermelha”.
Um
certo dia, sua mãe mandou ela ir até a casa da sua avó (que morava
pertinho) levar o dinheiro da sua aposentadoria.
--- Filha,
pegue esse dinheiro e leve para a sua avó. É a aposentadoria dela.
--- Tudo bem
,mãe.
Rafaela
estava “normal’ aquele dia. Vulgar como sempre com suas belas
coxas de fora e um superdecote.
--- Filha,
por favor, vista uma roupa menos extravagante. Você vai acabar se
dando mal qualquer dia desses.
--- Ah mãe,
relaxa! Eu sou gostosa mesmo. Tenho que mostrar meu “corpitxo”.
A
mãe não respondeu; ela considerava a filha como um caso quase
perdido.
A
casa da avó não era muito longe, mais ou menos uns vinte minutos a
pé. Rafaela sabia que todos olhavam para ela quando passava e, de
propósito deixou uma moeda cair em frente a um certo carinha que ela
considerou “bonitão”. Não teve vergonha nenhuma de virar as
costas para ele e mostrar tudo o que tinha direito ao abaixar para
pegar a moeda. O cara se excitou na hora e percebeu o sinal; a bola
que ela estava dando para ele. Resolveu ir até ela. Uma coisa ela
não sabia: estava lidando com uma bonitão... estuprador!
--- Oi
gatinha. – Disse ele
--- Oi
bonitão. – Respondeu.
--- “Ta”
tudo bem?
--- Sim, sim.
Já peguei a moeda.
--- Então
beleza. Você está indo aonde?
--- Para a
casa da minha avó.
Ela
explicou a rua e ele falou:
--- Eu estou
indo lá para perto, quer carona?
--- Ah eu
quero!
Mal
sabia ela o que iria acontecer. Ao entrar no carro, o rapaz começou
a acariciá-la. Partiu da coxa e foi subindo. O negócio estava
esquentando e ela gostando. Quando o cara apertou com força seu seio
ela ficou com medo. Nunca havia tido aquela sensação, já que ia
para a cama com um e outro (e sabia que isso iria acontecer com os
dois). Mas ela estava estranha. Já não estavam mais no caminho da
casa da sua avó e de repente ela avista um motel. Ela olha para ele,
que sorri e dá uma piscadinha.
Eu
nem preciso falar o que rolou no motel, não é? Mas preciso citar o
que aconteceu depois. Após ter o prazer com Rafaela (que era muito
boa de corpo e de cama, pensou ele), o cara não esqueceu de seus
instintos. O medo dela havia passado quando entraram no motel. De
repente, ele entra em um caminho estranho que só tem mato e o medo
volta. Ele pára o carro, sai e abre a porta dela, que desce
assustada. Daí ele parte para a agressão e a pega a força. Ela
começa a gritar e ele diz:
--- Pode
gritar! Ninguém vai te ouvir aqui. Não fez o que queria, que era ir
para a cama comigo? Acho que você gostou...
Rafaela
via a maldade nos olhos dele e disse em defesa:
---Acho que
você também gostou. Vamos fazer de novo? – Disse ela se fazendo
sensual.
--- Claro que
vamos, mas agora do meu jeito.
Estuprou-a
. Ao fim, foi se lavar no rio que estava do lado deles enquanto ela
chorava com dores no corpo e ainda, para piorar, com olhos vendados.
Ela temia por sua vida e sangrava. Não conseguia mais gritar por
causa da mordaça que o cidadão havia colocado.
Quando
ele voltou, tirou o resto da meia-calça quase transparente que ainda
restava no corpo e a deixou totalmente nua.
--- Gostosa!
Vagabunda! Não queria? Agora toma!
Ele
estava começando tudo de novo. Ela pensava: “que gás!”. Àquela
altura do campeonato estava inerte e esperando o pior. E o pior
chegou. O cara tirou a venda, acariciou-a todinha novamente e pegou-a
nos braços.
O
que no início foi prazer, acabou no pior. Ele amarrou-a e jogou-a no
rio. Consequentemente, morreu afogada. Só acharam o corpo cinco dias
depois. Aquele belíssimo corpo, gélido, cheio de hematomas e nu,
mostrava o triste e prematuro fim de uma garota que não soube ouvir
os conselhos da mãe, nem cuidar de si própria. Ou melhor, não
soube tomar as decisões certas.”
Uns me falaram que eu exagerei na dose, uns me falaram que falei demais. Eu acho que apenas mostrei a verdade e sai um pouco da fantasia dos meus outros textos.
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