O Homem da Máscara Permanente


Toda garota tem um sonho; comigo não é diferente. Um emprego, uma faculdade, um carro. Meu sonho (meu único sonho!) é ter aquele garoto para mim. De que adianta eu ter tudo, se não o tenho? O mundo não faz mais sentido para mim...

Eu tenho bastante, estudo em uma universidade conceituada e tenho o apoio de toda a minha família. Na teoria, era para eu ser muito feliz; ah, eu até sou, mas sinto que falta uma parte em mim... A parte que ele levou quando nos despedimos aquela noite depois da festa de debutante da minha prima. De verdade, eu não sei quem é aquele cara, nem de onde veio. Para piorar a situação, nem a minha prima sabe, nenhuma de suas amigas sabe! E o que ele foi fazer lá aquela noite? As vezes fico brava ao pensar que sua presença só me fez bem aquela noite... Porque depois, ele foi embora e não voltou mais. E eu fiquei aqui, sofrendo por ele. Ah, meu amor. Cadê você?. Todas as noites eu penso, penso, penso e espero... Espero ele aparecer na minha janela para que eu possa sorrir de novo.

A esperança é a última que morre e enquanto eu viver acreditarei e confiarei na sua volta. Todos veem em minha face, eu já não sou a mesma! Já não saio mais com minhas amigas, já não tenho mais aquele ânimo de antes... E eu admito (preciso admitir!) que sinto sua falta. Garoto, eu vou ter você para mim novamente. Mesmo que ninguém acredite, o que importa sou eu acreditar. É, é o que importa...

Jamais esquecerei aquela noite que nos conhecemos. No baile de máscaras ele...ele me tirou para dançar. Eu não estava bem, na verdade nem queria ir, mas fui assim mesmo em consideração a minha prima. Mas agora eu vejo que, sem dúvida, foi a melhor decisão que já tomei em toda a minha vida, afinal, o conheci! Dançamos juntos aquela inesquecível valsa: minha máscara permitia ver um pouco do meu rosto, mas a dele não permitia que eu visse nada.

Enfim... Ele chegou em mim, estendeu-me aquelas mãos com luvas de borracha e beijou-me no rosto. Que suavidade, que perfume... Ali ele já me ganhou. Passamos uns dois minutos sem dizer nada, apenas curtindo o momento e dançando. Enfim ele perguntou qual era o meu nome; eu respondi. Mas ele não disse qual era o seu; apenas disse:

--- Eu sou aquele que veio para te fazer feliz esta noite.

Jogamos um pouco de conversa fora enquanto dançávamos e depois que acabou a valsa nos retiramos da festa. Ai meu Deus, como eu estava encantada por ele! Aqueles gestos, sua voz, sua forma de me tocar... precisava ver o rosto dele; era hora de tirar as máscaras.

Aquele momento também se tornou inesquecível para mim: o rosto dele era...era...estranho! Com praticamente toda a parte esquerda de seu rosto queimada, ele me lembrava o Fred Krueger. O lado direito porém, era lisinho, perfeito! De seus olhos saíam lágrimas e as palavras que me disse tocaram o meu coração:

--- Essa é minha máscara... permanente!

Aquilo foi um baque para mim e, acredito, um desabafo para ele. Não sei se consegui responder a altura...

--- Você é especial! O que vale não é isso aqui (toquei seu rosto suavemente)... é isso aqui! (toquei no lado esquerdo de seu peito onde fica o coração).

Nos beijamos longamente; nos abraçamos por um bom tempo. Tenho certeza de que nunca vou vivenciar outro momento como aquele.

Não sei o que mais me prendeu nele (se foi seu jeito, o modo como ele falou comigo ou seu emocionante choro), mas aquele cara me marcou. Passei-o a chamar de “O Homem da Máscara Permanente” e não posso negar que choro ao pensar em como ele está, onde ele está, com quem ele está... Meu grande amor, eu ainda vou ter você para mim!


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