Lance Armstrong - De Volta à Vida
“Mais que um campeão
do mundo, um campeão da vida.” É assim que destaca a capa de trás
desse livro. Sabe por que? Simplesmente porque Lance Armstrong é sim
mais que um campeão do mundo, um campeão da vida. Mas quem é Lance
Armstrong? O que aconteceu com ele? O que ele fez para ser esse
campeão da vida?
É o seguinte: Lance
Armstrong é, nada mais nada menos, que um dos maiores ciclistas de
todos os tempos, campeão sete vezes (o único a conseguir o feito)
do Tour de France, considerada por muitos a prova de
resistência física mais difícil do planeta. Além de ser o maior
vencedor do Tour, venceu também um inimigo fulminante que nem
todos conseguem vencer: o câncer.
Nesse livro emocionante
e revelador, Armstrong conta tudo. Desde sua infância até o ano
2000, quando ganhou seu segundo Tour de France. Desde cedo ele
já não gostava tanto de estudar, preferia praticar algum esporte.
Começou com a natação, sendo meio que “humilhado” no time B de
onde ele treinava. Provou para todos que era capaz, subiu para o time
A e surpreendeu. Parecia que teria um futuro promissor na natação,
mas foi aí que descobriu o Triatlo – esporte que é junção de
natação, corrida e ciclismo. Começou a se destacar no Triatlo,
ganhando suas primeiras medalhas... Daí descobriu sua paixão pelo
ciclismo; descobriu que a bicicleta era seu porto seguro, o lugar
onde se sentia bem.
Lance Armstrong teve um
apoio fundamental: de sua mãe, Linda, a quem dedica os primeiros
capítulos do livro. Linda foi a pessoa que sempre o apoiou, mesmo
quando todos falaram mal dele e o “apedrejaram”. No início, sem
patrocínio, era ela que bancava as viagens para os campeonatos e se
orgulhava quando o filho voltava com um troféu ou uma medalha. Esse
era um dos objetivos de Lance: sempre vencer, sempre deixar todos
para trás e no dia em que desacelerou para outro vencer – isso foi
no segundo Tour de France – ele foi mal visto por causa
disso.
Os anos foram se
passando e a carreira de Armstrong decolando. Conhecido como um
ciclista agressivo, afobado e sem estratégia, ele aprendeu muito com
seus técnicos que pegavam muito no seu pé por conta disso –
certas vezes ele perdeu corridas já ganhadas por conta de ataques em
horas inapropriadas, deixando seus patrocinadores furiosos.
Sua carreira ia
caminhando para ápice quando, em 1996, descobriu o câncer. Um
câncer de testículo já em estágio avançado e que acabara de
atingir seus pulmões com vários tumores que o estavam prejudicando
nas corridas. A doença foi descoberta certo dia quando ele estava
com muita dor no testículo, uma dor insuportável que não o deixava
nem se sentar direito; além disso, um dia antes, ele tinha tido
muita dor de cabeça e havia cuspido sangue – o que o havia deixado
em choque.
Lance entrou em total
estado de choque. Quando tudo enfim foi se encaixando, a única coisa
que ele tinha na cabeça era que ele estava derrotado, que sua
carreira estava acabada e que ele já era. Em uma ligação para Bill
Stapleton, seu amigo e empresário ele inclusive fala, assim que
descobre o câncer:
“--- Acabou tudo.
Estou doente. Nunca mais vou poder correr e vou perder tudo.”
Também não é para
menos. O que faríamos nós se descobríssemos um câncer – sendo
ou não atletas -?. Com certeza teríamos a mesma reação. Uma
reação que só foi possível ser mudada graças a ajuda da pessoa
que sempre esteve ao seu lado, sua mãe, além de sua namorada à
época, Lisa, e seus amigos. Eles foram cruciais para todo o processo
até chegar à cura!
O problema de Lance
Armstrong era mais grave do que o esperado. Além de vários tumores
nos pulmões, foram encontrados cistos em seu cérebro. O que
indicava que a doença estava em estágio muito, muito avançado.
O ciclista teve que
passar por duas intervenções cirúrgicas. A primeira foi a retirada
de um de seus testículos, mas antes ele teve que ir num banco de
esperma para guardar sua última tentativa de ser pai. Segundo o
próprio Armstrong, um dos momentos mais constrangedores de sua vida.
A segunda cirurgia foi no cérebro. Logo após começaram as sessões
de quimioterapia.
As cirurgias correram
bem, inclusive a segunda, a mais perigosa e mais temida, não deixou
nenhuma sequela. Armstrong caminhava agora para a fase maçante do
tratamento: a quimioterapia. Foram meses e meses de quimio, cinco
dias por semana. O Armstrong que começou o tratamento foi realmente
muito forte para conseguir terminá-lo e muitos dizem que se ele não
tivesse toda a força de vontade que ele teve, toda a garra.. talvez
hoje não teríamos a oportunidade de ler essa história emocionante.
Náuseas, vômitos,
tonturas, dor de cabeça... Esses são apenas alguns dos sintomas da
quimioterapia. Lance diz em determinado capítulo que ele reserva só
para o tratamento da quimio, que havia dias em que ele só queria
ficar com a cabeça dentro de uma lixeira vomitando ou coberto dos
pés a cabeça.
Em 13 de dezembro de
1996, Lance Armstrong enfim recebeu alta. Estava, naquele momento,
curado. A doença, segundo os médicos, poderia voltar em um ano e
até lá ele teria que se cuidar direitinho e mudar seus hábitos.
Mas agora viria algo, não diria pior, mas sim difícil que era
voltar à vida depois do câncer. Psicologicamente não era a mesma
coisa e Lance teve medo durante muito tempo de que a doença
voltasse. Acordava de madrugada pensando estar doente e coisas do
tipo... Realmente não foi fácil.
Passou muito tempo
longe da bicicleta, não queria voltar. Voltou e disse que queria
parar porque não se sentiu bem após uma série de más resultados
nas suas corridas de reestréia. Mas em 1998 ele decidiu de vez
voltar a correr apenas corridas selecionadas e treinar mais. Após
Bill fazê-lo desistir da aposentadoria, ele começou a treinar forte
para voltar a correr. Treinava todos os dias 5,6,7 horas para
melhorar sua forma física.
A essas alturas já
estava casado com Kik, uma executiva especialista em finanças que
ele havia conhecido durante uma coletiva de imprensa falando da
fundação de crianças com câncer que ele queria fundar (e que
conseguiu!). Ela o apoiava em tudo e ele exalta isso no livro com
todas as letras, que se não fosse ela, ele não correria novamente.
Falando em fundação, Lance ‘inventou’ uma corrida beneficente
para arrecadar fundos: o Passeio das Rosas, corrida que virou
tradição.
Em 1999, Lance
conquistou seu primeiro Tour de France e isso ele narra em
cada detalhe no livro. Cada etapa da prova, estratégias e tudo
mais... Quando cruzou a linha de chegada em primeiro lugar só
conseguiu falar uma coisa:
“--- Estou em estado
de choque. Estou em choque.”
Mesmo assim, os
repórteres chegaram a falar que ele teve um excelente desempenho não
porque ele treinou forte, mas porque alguma droga da quimioterapia o
ajudou no Tour. Foi a vitória para celebrar a volta de um guerreiro,
a volta de um batalhador, de um homem que não desistiu do sonho!
No ano seguinte, 2000,
seu nome nem era cotado para vencer o Tour de France e
ele foi lá e massacrou novamente seus adversários. Mostrou para
todos que 1999 não tinha sido mero acaso. E tinha um detalhezinho a
mais: ele acabava de ser papai. Seu filho, Luke, havia nascido há
pouco tempo e já via seu pai conquistando a maior prova do ciclismo
mundial. Que orgulho!
E aí acaba o livro,
nessa parte, logo após o Tour de 2000, mas antes, nas páginas 227 a
229 ele fala como um professor; um professor da vida e diz sábias
palavras, palavras que merecem atenção especial. Um livro que conta
a trajetória emocionante de um guerreiro de dentro e fora das
pistas. Essa com certeza é um livro que, se lido, deixa marcas e
aprendizados que serão levados para toda a vida.
De 1999 a 2006, Lance venceu o Tour sete vezes seguidas, até que decidiu que era hora de se aposentar. Mas não parou com o esporte, não resistiu e continuou correndo; voltou às origens
e hoje pratica o Triatlo, além de se dedicar à Lance Armstrong Foundation.
Frases
Esse também é um
livro com muitas frases, muitas passagens marcantes e selecionei
algumas aqui para vocês.
“Faça de cada obstáculo uma oportunidade”
“Durante a vida
encaramos todos esses tipos de coisas: lutamos contra muitos revezes,
lidamos com tantos fracassos, abaixamos tantas vezes a cabeça e
continuamos em pé, tentando ter um pouco de esperança.”
“O que é mais
forte: a esperança ou o medo? É uma boa pergunta interessante...”
“Mexa-se,
mantenha-se em movimento. Se você ainda conseguir se mexer, não
está doente.”
“Não foi só
subir na bicicleta e já sair ganhando. Houve muitos altos e baixos,
bons resultados e péssimos resultados. Só que dessa vez não me
deixei influenciar pelos fracassos”
“As coisas
acontecem, há uma confluência d eventos e circunstâncias, e nem
sempre sabemos o propósito, a razão ou ao menos se há um propósito
ou uma razão.”
“A definição de
coragem é a seguinte: a qualidade de espírito que permite ao ser
humano desafiar o perigo com firmeza e sem medo”
“Se tem uma coisa
que não gosto de ouvir, é que não vou conseguir fazer alguma
coisa. Essa é a melhor maneira de me convencer de que eu sou capaz.”
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